Hoje eu tive um sonho. Não daqueles que se sonha dormindo, de olhos fechados, mas
daqueles que se sonha com os olhos bem
abertos cheios de fulgor. Havia tanto sol e tanta lua.Tanto brilho e tanta
luz que me ofuscavam a lucidez da visão. Mas não precisava necessariamente ver, conhecer, tocar. Carecia mesmo era de sentir. De me deixar tomar por toda aquela cor vibraz que doía até
o mais profundo dos olhos do corpo, da alma, do coração.
Era uma cor física e ao mesmo tempo abstrata. Era sólida,
líquida, era gás, numa fusão única de todas estas e mais
outras mil, dez mil, conhecidas ou jamais imaginadas.
Sonho talvez seja
isso, uma corrente de emoções tão fortes que hora sorrimos, hora choramos, nos exaltamos em êxtase de eloquentes
sensações.
Outras horas, demasiadamente nos
afastamos de nós mesmos, para intensamente nos aprofundarmos na torrente desconhecida da alma, como um andante louco, de
terras longíquas. Aquele que deixa aflorar na pele, nos pelos, no entremeios das unhas,
no profundo de suas retinas, o oásis ludibriante, de seus
mistérios, verdades e incertezas que o faz vivo, mesmo que apenas nos
interstícios da razão e da loucura.
É este, o caminho verdadeiro para quem se põe a andar, sem se
apegar a passado, presente ou futuro, pois com ou sem
sentido ou sem rumo, ludibriado,
fascinado ou derrotado que seja, duas
são as únicas certezas do
homem nesta estrada: uma delas é sonhar
que vai chegar. A outra, é que mesmo que um pouco tarde, já no finzinho da noite, começo da
madrugada, limiar do amanhecer, esta viagem vai acabar.
Emilio de Freitas Campos
Nenhum comentário:
Postar um comentário