sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Para além do tempo

Olha,
não é por merecer, não é por querer, não é por precisar
que vivo.
vivo porque há vida em mim. Porque fui presenteado pelo dom de andar.
de respirar, de caminhar, de fazer, de ser e ter
e se tenho, sou.
se sou, estou.
Se estou não adinata eu, tentar me conter.
existo, penso, sinto, faço.
Isto por si só basta
para que eu possa, para que tu possas, para que todos possam
saber que agora é tarde.
não há mais como mudar, tudo está em eterna consumação
e não vai parar.
pois, quando eu parar
a neologia inexoravel, das horas, dos tempos, das condições e das conduções
permanecerão
reproduzindo, num sem fim incontrolável
o que existiu e ainda existe de mim.

Emilio de Freitas Campos

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