quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Ensaio sobre a cegueira



Quando tudo está perdido, quando Jó é apenas Jó e sua dor, quando chega-se ao fundo do poço, no olho do furacão, sem ar, sem respiração, sem saída...

Quando ninguém mais é de ninguém, quando tudo é nada e o nada pode ser tudo

Quando a dor é dor e basta

Desespero

Fome

Poder

Manipulação

Sangue

Falta, falta, falta

quando ninguém pode ver, pois suas necessidades os cegam.

 
É mais ou menos assim "O ensaio sobre a cegueira", profundo, escarnecedor de uma sociedade hipócrita e doente. Isto tudo e nada disso. Estranho, estranhesa total, quando os princípios são perdidos, inicialmente por força do poder político e isto vai se estendendo, se arrastando por toda sociedade em uma trama densa digna de um escritor à altura unicamente de José Saramago.


 
 
Como não poderia deixar de ser, o filme perde um pouco da imersão neste universo criado à luz de uma "cegueira branca", à partir da qual relações são cortadas, questionadas. A sociedade é colocada em um embate travado entre o senso humano e a tenacidade de suas necessidades mais básicas.
 
 
 
 
O livro por sua vez é leitura quase que obrigatória para aqueles que amam a boa  literatura. A trama, a forma de escrita, colocação, posicionamento das palavras, ortografia, pontuação dentre outros, no princípio podem causar alguma estranhesa mas é neste mundo de pequenos mas abundantes e extremamente perceptíveis detalhes é que se constroi uma história rica, bela, emocionante, romântica, surreal. De tudo, tudo um pouco e mais um pouco, que vai se apresentando aos olhos daqueles que ainda ou neste momento podem ver.
 
 
 

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