Não é do querer ou do merecer
é apenas do ser que somos feitos.
Ser e somos apenas.
Ser humano, ser divino, ser crédulo, ser de corpo e de alma
e assim somos.
Somos corpo e sangue que se espalha em alma, espírito e luz
quando queremos ser luz.
Somos criação e criatura de Deus e criamos, produzimos, realizamos
quando queremos ser muitos.
Somos espírito e estamos espalhados por lugares, em pensamentos, desejos e aflição
quando nos colocamos a passear por outras vidas, outros lugares, outras emoções.
Assim, somos mesmo luz, já que mesmo não querendo, ensinamos, transformamos,
protegemos, doamos um muito de nós nas carícias que às vezes, mesmo com dificuldades oferecemos ao corpo e a alma daqueles que passam por nós.
tudo e nada misturados com a finalidade de falar da vida, sem pretenções maiores...apenas falar.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Mais do tempo
O tempo e suas virtudes... Nunca vi mestre igual. Ensina com total praticidade, firmeza e autoridade o quanto, ao contrário dele, devemos ter de serenidade no transcorrer da vida. Esta vida mesmo, pequena passagem, pequena estada, frágil mas que não pára nem pra descansar. Que é incontrolável e que escapa entre os dedos igualmente ao tempo. Este senhor com o qual tanto se preocupa, tanto se desgasta e, da mesma forma e relativamente, tanto se desperdiça, tanto se gasta.
Uma coisa é certa: o tempo educa a quem quer ser educado, ensina àquele que, com o próprio e impensável tempo aprende a esperar.
Ah, esperar.
Emílio de freitas Campos
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Vertigem. Da caminhada humana e suas razões
Hoje eu tive um sonho. Não daqueles que se sonha dormindo, de olhos fechados, mas
daqueles que se sonha com os olhos bem
abertos cheios de fulgor. Havia tanto sol e tanta lua.Tanto brilho e tanta
luz que me ofuscavam a lucidez da visão. Mas não precisava necessariamente ver, conhecer, tocar. Carecia mesmo era de sentir. De me deixar tomar por toda aquela cor vibraz que doía até
o mais profundo dos olhos do corpo, da alma, do coração.
Era uma cor física e ao mesmo tempo abstrata. Era sólida,
líquida, era gás, numa fusão única de todas estas e mais
outras mil, dez mil, conhecidas ou jamais imaginadas.
Sonho talvez seja
isso, uma corrente de emoções tão fortes que hora sorrimos, hora choramos, nos exaltamos em êxtase de eloquentes
sensações.
Outras horas, demasiadamente nos
afastamos de nós mesmos, para intensamente nos aprofundarmos na torrente desconhecida da alma, como um andante louco, de
terras longíquas. Aquele que deixa aflorar na pele, nos pelos, no entremeios das unhas,
no profundo de suas retinas, o oásis ludibriante, de seus
mistérios, verdades e incertezas que o faz vivo, mesmo que apenas nos
interstícios da razão e da loucura.
É este, o caminho verdadeiro para quem se põe a andar, sem se
apegar a passado, presente ou futuro, pois com ou sem
sentido ou sem rumo, ludibriado,
fascinado ou derrotado que seja, duas
são as únicas certezas do
homem nesta estrada: uma delas é sonhar
que vai chegar. A outra, é que mesmo que um pouco tarde, já no finzinho da noite, começo da
madrugada, limiar do amanhecer, esta viagem vai acabar.
Emilio de Freitas Campos
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
sempre o tempo
Tempo, tempo, tempo.
tudo é do tempo, pelo tempo, por causa do tempo por medo do tempo.
por que tanto e tudo sobre e sob o tempo
se o tempo nada mais é do que uma maneira robusta
triste, truculenta de contar a existência.
o tempo é tecnico, tic tac, tic tac
A vida é coração, uma mistura de sons que alí
co-existem sem definição.
A ordem das coisas não interferem muito. O sentir das coisas ah, o sentir
das coisas é que compõem esta musica-poesia-abstração
do existir, assim, sem noção, sem razão,
mais totalmente composto de paixão por ser e estar na relação
daqueles que um dia,
por um segundo apenas
parou, olhou, percebeu, respirou fundo
e naquele instante profundamente viveu.
Emilio de Freitas Campos
Para além do tempo
Olha,
não é por merecer, não é por querer, não é por precisar
que vivo.
vivo porque há vida em mim. Porque fui presenteado pelo dom de andar.
de respirar, de caminhar, de fazer, de ser e ter
e se tenho, sou.
se sou, estou.
Se estou não adinata eu, tentar me conter.
existo, penso, sinto, faço.
Isto por si só basta
para que eu possa, para que tu possas, para que todos possam
saber que agora é tarde.
não há mais como mudar, tudo está em eterna consumação
e não vai parar.
pois, quando eu parar
a neologia inexoravel, das horas, dos tempos, das condições e das conduções
permanecerão
reproduzindo, num sem fim incontrolável
o que existiu e ainda existe de mim.
Emilio de Freitas Campos
não é por merecer, não é por querer, não é por precisar
que vivo.
vivo porque há vida em mim. Porque fui presenteado pelo dom de andar.
de respirar, de caminhar, de fazer, de ser e ter
e se tenho, sou.
se sou, estou.
Se estou não adinata eu, tentar me conter.
existo, penso, sinto, faço.
Isto por si só basta
para que eu possa, para que tu possas, para que todos possam
saber que agora é tarde.
não há mais como mudar, tudo está em eterna consumação
e não vai parar.
pois, quando eu parar
a neologia inexoravel, das horas, dos tempos, das condições e das conduções
permanecerão
reproduzindo, num sem fim incontrolável
o que existiu e ainda existe de mim.
Emilio de Freitas Campos
Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
José saramago
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.
José saramago
Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma maneira bastante uniforme e equilibrada, por todos os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis, em que já cá não estaremos para poder comprová-lo, para congratularmo-nos ou para pedir perdão, aliás, há quem diga que é isto a imortalidade de que tanto se fala.
José Saramago
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Porque seus filhos mexem em tudo? Só mais um texto sem sentido
Olha, eu não sei que bipe é esse que me acorda de hora em hora. Ele está ali, e posso acompanhá-lo a noite toda. De hora em hora. Um bipe, outro bipe, outro e outro que se sucede. Agora eu queria ter perdido você. Este bipe não estaria ali. Depois eu agradeço por você, pois este bipe me faz lembrar que o tempo não pára. Que amanhã é outro dia, que tenho mais uma noite pela frente, que outro dia nascerá, que as mãos que causaram o bipe ou os bipes são mãos que amo e agradeço a Deus por existir. Difícil mesmo é você não me ensinar como se tira esse bipe, desse relógio, antes de eu jogá-lo pela janela. Ah, não desativa não, deixa eu lembrar de você, do amor fraterno, que me faz rir mesmo quando estou xingando, parecer sério quando estou sorrindo por dentro, querer parecer você, me comparar com sua juventude, seguir com força e precisão nos passos e no olhar quando já não sou mais criança. Enfrentar o mundo, a tudo e a todos em sua proteção. Matar um leão por dia e chegar sorrindo só para não te preocupar. Não compreender, sentir. Não enteder, fazer.
Sem medo
É acreditar que nada tem sentido e todos são os sentidos.
Perceber que a vida, o ar, as batidas do coração apenas existem sem razão tecnica de ser.
Não existe um dono da verdade, pois elas, sim elas são muitas e dependem do olhar de quem vê.
Não há dor maior que a de uma vida interrompida em vida. Daquele que não acredita em novas descobertas, novas experiências, nova criatividade. Que já viu, sentiu, viveu tudo.
Dá pena, de quem não tem mais caminhos. Inspirar, expirar, abrir, fechar, pé à frente, pé atrás.
- "Não pise no meu calo que você vai conhecer o bicho".
-Pise em meu calo, pois esta dor eu ainda não senti.
Do bicho, eu não conheço nada.
E não vou conhecer.
Do bicho, eu não conheço nada.
E não vou conhecer.
olhai os lírios do campo
hoje eu quero o sonho de quem amanhece
quero a certeza daquele que inicia
quero a verdade daquele que não sabe
quero a ilusão do que não sonha
quero a verdade escondida nos olhos a criança
quero o amor, quero a paz, quero a caminhada
quero o tempo daquele que não se preocupa
quero o tempo daquele que sabe esperar
quero o tempo daquele que não se desepera
daquele que não sabe, inventa
daquele que não erra, falha
daquele que não morre, vive
como sempre, sempre a primeira vez
é deste perfume que quero beber da fonte.
quero a certeza daquele que inicia
quero a verdade daquele que não sabe
quero a ilusão do que não sonha
quero a verdade escondida nos olhos a criança
quero o amor, quero a paz, quero a caminhada
quero o tempo daquele que não se preocupa
quero o tempo daquele que sabe esperar
quero o tempo daquele que não se desepera
daquele que não sabe, inventa
daquele que não erra, falha
daquele que não morre, vive
como sempre, sempre a primeira vez
é deste perfume que quero beber da fonte.
Educar com mãos que se re-inventam
com olhar de quem sonha
com visão de quem de quem quer
com ilusão que não dorme
com furor que rejuvenece
com alegria que ilumina
com amor que não morre
tremem as mãos do educador
jaz fosco o sonho em seu olhar
o querer não dá mais que um passo
dorme a ilusão em leito de morte
não há furor, não há alegria, não há amor
até quando, até quando, até quando...
com olhar de quem sonha
com visão de quem de quem quer
com ilusão que não dorme
com furor que rejuvenece
com alegria que ilumina
com amor que não morre
tremem as mãos do educador
jaz fosco o sonho em seu olhar
o querer não dá mais que um passo
dorme a ilusão em leito de morte
não há furor, não há alegria, não há amor
até quando, até quando, até quando...
A pedra
A ONU discutiu a questão
e eles continuam morrendo
Uma ONG foi criada na América do Sul
e eles continuam morrendo
O Congresso levou o problema a plenário
e eles continuam morrendo
A Polícia organizou uma operação
e eles continuam morrendo
A Prefeitura limpou a cidade
e eles continuam morrendo
Mais uma Lei foi criada
e eles continuam morrendo
vão pagar um salário
e eles continuam morrendo
a dor calou uma voz
o frio parou um coração
uma lágrima transbordou o olhar
o fim cessou a canção.
e eles continuam morrendo
Uma ONG foi criada na América do Sul
e eles continuam morrendo
O Congresso levou o problema a plenário
e eles continuam morrendo
A Polícia organizou uma operação
e eles continuam morrendo
A Prefeitura limpou a cidade
e eles continuam morrendo
Mais uma Lei foi criada
e eles continuam morrendo
vão pagar um salário
e eles continuam morrendo
a dor calou uma voz
o frio parou um coração
uma lágrima transbordou o olhar
o fim cessou a canção.
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